quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

NÓS SOMOS AS VELHAS VIRGENS - VELHAS VIRGENS

Completando 21 anos de Banda, os integrantes de Velhas Virgens deram um presente aos fãs. A maior banda de rock independente do Brasil, gravou um show em Ponta Grossa – Pr, que se tornou o Cd e DVD comemorativos ao aniversário da banda. Um show marcado por muita energia e empolgação que foram devidamente transmitia ao projeto fonográfico. A impressão que se tem ao ouvir o Cd, é de que realmente se está no show. Na minha opinião, uma das canções que faltou foi Muito Bem Comida, que poderia ter sido inclusa no conjunto apresentado, mas no geral as letras foram muito bem escolhidas. A crítica, e o descaso com o dito pudico, sempre foram a marca da banda. Com letras debochadas e opiniões fortes impressas, Velhas Virgens conseguem se destacar no meio desse cenário de música pop e cultura de massa, apresentando um som autêntico, verdadeiro, e que consegue transformar em rock, e até mesmo poesia, as mais absurdas sacanagens. Num mercado transitório e em constante mutação, como é o mercado musical, completar 21 anos de estrada é algo invejável. E o mais interessante, é que eles cativam fãs de todas as idades, e fãs verdadeiros, pois em todas as músicas apresentadas, a platéia em coro, demonstrando sua admiração pelos ídolos, repetia as letras, como se fossem uma oração de purificação e preparação para o paraíso. Uma atenção especial também deve ser dada ao guitarrista e um dos fundadores da banda, Alexandre “Cavalo” Dias, se afirma como um excelente instrumentista de palco, uma energia super up, mas um conselho que eu daria é para ele abandonar os back vocals. Sua voz está numa disparidade muito grande em relação a do vocalista Paulão de Carvalho, que tem uma voz agressiva, rouca, mas que se encaixa perfeitamente no perfil proposto pela banda. Claro que isso não afeta o conjunto da obra, que é muito boa, e recomendável ao extremo.

MATANZA MTV AO VIVO - MATANZA

O estilo do Matanza, apresenta uma grande energia e disposição. Mesmo os discos de estúdio contém uma levada pesada, com letras características do Soutern Rock, falando de velho oeste, bebedeira, putaria e jogatina. Uma coisa "a la" James Dean, invocando o desejo da Juventude Transviada.Também se percebe uma grande influência do country, folk, bluegrass, hard rock e heavy metal. Tudo trabalhado dentro das criações do seu (ao meu ver), principal cérebro, o guitarrista Donida, que me parece, saiu da banda, sendo substituído por Maurício. As músicas selecionadas para esse álbum ao vivo da MTV, foram bem escolhidas, dentro os clássicos conhecidos como Ela Roubou meu Caminhão, Mesa de Saloon, Rio de Whisky, Interceptor V6, Bom é Quando Faz Mal, As Melhores Putas do Alabama entre outras. Ao vivo, o carisma carrancudo do vocalista Jimmy se torna evidente. Fazendo o estilo beberrão, desleixado, irlandês, ele consegue passar uma forma que realmente nos leva ao velho oeste americano. As falas entre as músicas são de pouco impacto, e não conseguem o nível de empolgação desejado, mas isso é compensado com o início das músicas em solos a estilo Jamboree, e da bateria muito bem marcada. Falta um pouco de variação melódica, já que o estilo segue um padrão idêntico entre as músicas. Isso já era um problema com os cds anteriores, salvo o tributo feito a Johnny Cash em 2005. Mesmo assim Matanza ao Vivo é um cd recomendado. Não se pode chamar um clássico ao vivo, mas assim é um cd que vale a pena ouvir.

BLACK ICE - AC/DC

Fantástico, espetacular, fabuloso, verdadeiramente uma obra prima! São essas algumas expressões sugestionadas para expressar o valor artístico e musical do novo álbum do AC/DC. Confesso que sou suspeito para falar dessa banda, é a minha favorita, inclusive tatuei seu nome em meu braço esquerdo. Devo dizer que a espera por um novo cd me angustiava. Caso eles não lançassem mais nenhum, não teríamos o gosto de ouvi-los de uma forma nova, mas pelo menos a herança musical deixada seria irrepreensível, agora, já imaginaram se eles fizessem o lançamento de uma “merda”? A decepção seria muito grande. Mas eis que o bom e velho Angus, acompanhado de Malcom e também Brian Jonhson, Cliff Willians e Phil Rudd, conseguiram surpreender com uma sonoridade incomparável. Aliás, incomparável não, pois somente AC/DC supera AC/DC, o Black Ice foi tão bem recebido que está sendo comparado ao histórico disco Back in Black, gravado logo após a morte de Bom Scott, primeiro vocalista da banda. E realmente pode ser comparado a esse outro clássico. As músicas evoluem num ritmo alucinante. Abrindo o álbum o single Rock´n Roll Train, com uma pegada forte da Gibson SG Angus Young, em riffs espetaculares, e uma letra tão impactante quanto: “Um anjo quente / Um diabo cool / Sua opinião sobre a fantasia / Viver sobre o ecstasy / Dê-lhe tudo que você chegar / Dê a ele o que você obtém / Vamos lá dar-lhe tudo o que tem / Busca-lo, movê-lo / Dê para o local / Sua mente sobre fantasia / Viver em êxtase”. Realmente um espetáculo para o amante do rock. O disco continua sendo um deleite, com uma forte influência do blues, que sempre acompanhou o histórico da banda. A sonoridade também lembra Bruce Springsten, tem alguma coisa também de Slayer, e em alguns momentos se percebe até uma batida mais folk. A guitarra do Angus parece um pouco mais contida, mas representa o maior peso musical do cd. Enfim, precisaria de algumas boas páginas para tecer todos os elogios que gostaria de dispensar a esse álbum, mas para não acabar me tornando prolixo, só tenho algo a dizer: ESCUTEM A TODO VOLUME!!!

domingo, 4 de janeiro de 2009

SUSPICIOUS MINDS - ELVIS PRESLEY

Suspicious Mind, é uma das canções mais celebradas do Rei. Ela foi apresentada em Las Vegas no mês de julho de 1969, na rede International Hotel (posteriormente vendido ao grupo Hilton) e lançada como single em agosto do mesmo ano. O Álbum acima, foi lançado em 1999, contendo entre outras músicas, Suspicious Mind, que pode ser traduzido para o português como Mentes Suspeitas ou Mentes Desconfiadas. Para quem não ouviu ainda essa canção, uma boa dica é procurar no youtube, que mostra algumas das mais sensacionais performances do Rei do Rock. Mas deixa eu escrever um pouco sobre o “abalo” causado por essa música. Era o ano de 1969, e Elvis já havia enfrentado uma série de altos e baixos, sim, porque até mesmo ele enfrentou dificuldades na carreira. A década de 60 havia sido tortuosa, com o astro participando de filmes, que hora o aclamavam como bom ator e cantor, e hora deixavam a desejar. Seu retorno foi marcado para Las Vegas, que no início de sua carreira já o havia rejeitado, pois o mesmo “não se enquadrava” na estética até então conservadora do lugar. E ele volta, com uma roupagem completamente diferente. Usando macacões cheio de brilhos, cabelo mais comprido, costeletas mais cheias, em boa forma física, e usando golpes de caratê (arte marcial que ele adorava) em suas coreografias. Até que em 31 de julho ele interpreta a música de Mark James (que também compôs Always On My Mind). Foi um sucesso! Em 20 de julho de 1969 o homem havia pisado na lua, e em 31 de julho os jornais noticiaram a seguinte manchete “O Homem que fez o mundo esquecer que chegamos a lua, Elvis Presley está de volta!”. Além de recomendado o CD e a música são obrigatórios no repertório de qualquer amante dos bons tempos.

sábado, 27 de dezembro de 2008

POR FAVOR, SUCESSO - LIVERPOOL

Para quem gosta de Mutantes, e das bandas que eles influenciaram, aí está uma boa dica. Liverpool foi um grupo gaúcho, que além dos já citados Mutantes, recebia também uma grande de Jefferson Airplane. Infelizmente, gravaram apenas um LP, esse aí em cima, intitulado Por Favor, Sucesso (1969). A obra é muito interessante, avaliada pelo ponto de vista experimental. Um reflexo muito forte do movimento tropicalista, que naquele instante estava praticamente varrendo o Brasil. Vale lembrar, que a Tropicália, não só influenciou a música, como também o teatro, e até mesmo o Cinema Novo, tendo sua expressão em Glauber Rocha. Mas voltando ao assunto música, Fernando Rosa, na revista ShowBizz fez o seguinte comentário sobre a Banda Liverpool: “Abrindo com a faixa título, o disco reúne um conjunto de ótimas composições, com instrumental acima da média e letras inteligentes e expressivas do cotidiano da juventude da época. Destacam-se no disco as ultra-psicodélicas "Olhai os Lírios do Campo", "Impressões Digitais" e "Voando", todas com um impressionante trabalho de guitarra - com distorção no talo e harmonias rebuscadas. A quase bossa-rock "Planador", a tropicalista "Paz e Amor", o folk-rock "Tão Longe de Mim" e o boogie stoniano "Que Pena" mostram a diversidade das composições assinadas por integrantes do grupo, pelo já citado Hartlieb e, ainda, pela dupla Hermes Aquino e Lais Marques”. A observação pessoal que lanço sobre a obra, é a de que ela vale ser ouvida, e demonstra uma riqueza que as vezes não sabemos, ter pertencido ao cenário da música nacional. Na década de 70, alguns remanescentes formaram uma banda de hard rock chamada Bixo da Seda.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

ABRE-TE SÉSAMO

Toca Raúl! Essa talvez seja a frase que todo freqüentador de “pub” tupiniquim já tenha ouvido. Sempre que há som ao vivo, alguém sai com essa frase. Teremos nesse blog uma boa quantia de material nacional, inclusive do Raúl. E o escolhido para inaugurar essas opiniões diversas, foi o álbum Abre-te Sésamo. O contexto era 1980, Governo do então General João Baptista Figueiredo, e o Brasil estava caminhando para o seu processo de abertura política. Por isso o nome do cd, ser sugestivamente Abre-te Sésamo. O próprio Raúl em entrevista na época, fazia tal afirmação. Essa entrevista está disponível nos arquivos do Raúl Rock Clube. Toda a obra tem uma certa polêmica. A começar pela primeira música, homônima ao disco, e que inicia com esses versos “E lá vou eu de novo, um tanto assustado com Ali Babá e os 40 ladrões”, crítica mais direta do que essa impossível, ainda mais levando em consideração o momento em que vivíamos. A faixa 2 traz a irônica Aluga-se, regravada posteriormente, Anos 80 emplaca como a terceira música, e é um panorama dessa década que apenas se iniciava, mas que Raúl já chamava de “charrete que perdeu o condutor”. A grande polêmica, porém, se deu com a música número 7, a nacionalmente conhecida “Rock das Aranha”. A música trata de duas vizinhas, flagradas em uma relação homossexual, e o expectador, no caso o próprio Raúl, torcendo para ser chamado a participar da “festinha”, fictícia ou não, a verdade é que a música caiu nas graças da censura, ou melhor, não caiu nas graças da censura, e teve sua radiodifusão e apresentação proibidas. Na minha opinião, o disco poderia acabar na música 10, “Baby”, uma das canções mais sensuais, eróticas, românticas e apaixonadas que já ouvi, se é que conseguimos colocar tudo isso numa obra só. Para terminar deixo aqui uns versos da citada: “A mancha do batom vermelho / porque esconder no lençol / se dentro da imagem do espelho / baby, baby, o inferno é o fogo do sol...".

PRESTO - RUSH

O Rock Progressivo, é uma tendência que tem suas raízes no final da década de 70 e também nos anos 80. Nesse cenário, uma banda que se destaca que tem uma certa influência, são os canadenses do Rush. O grupo começou no início dos anos 70, lançando seu primeiro álbum em 1974, influenciado por King Crismon, Pink Floyd, Gênesis, Yes, Jimi Hendrix, Gentle Giant, Cream, Black Sabbath, entre outros. Pelo número e peso das influências já podemos imaginar o “conteúdo” forte da banda. Mas foi em 1989, que o Rush lançou a obra que é considerada um marco. Realmente esse cd tem uma característica forte de ser a transição entre o uso exacerbado de sintetizadores, para uma ênfase mais conceitual na guitarra. É interessante perceber como esse álbum, quando comparado com outros da banda como 2112 (1976), A Farewell To Kings (1977), Moving Pictures (1981), apresenta uma carga sonora muito mais forte e intensa. É como se os membros da banda quisessem mostrar que além de extremamente tecnológicos, também eram, como continuam sendo, de um nível profissional elevadíssimo. E não estou exagerando em nenhuma afirmação. A música que eu considero uma das mais intensas, é aquela que dá o nome ao cd, e se encontra na faixa 6: “eu sou feito / do pó das estrelas / e os oceanos correm / em minhas veias / aqui eu me escondo / no coração da cidade / como um estranho / vindo da chuva”. A levada das guitarras também é sensacional, numa marcação de tempo que deixa qualquer um louco de inveja.